Hotel geriátrico: uma opção em crescimento no Brasil

  
Instituições de longa permanência para idosos (Ilpis), como hotéis geriátricos e casas de repouso, estão em franco crescimento no Brasil. Segundo dados da Associação das Casas de Repouso para Idosos do Estado de São Paulo (Acresp), elas somam aproximadamente cinco mil. Você já considerou essa hipótese para um familiar querido ou para você mesmo? Conversamos com a associada Maria Ignez, a quem agradecemos o desprendimento e a boa vontade de repartir um pedaço de sua vida pessoal conosco.






Depoimento de Maria Ignez


A opção por uma casa de repouso
"Minha mãe morava conosco, mas a medida que ela foi perdendo a lucidez a situação foi ficando bem difícil e estressante. Tínhamos uma pessoa que ajudava nos cuidados e, aos fins de semana, uma cuidadora. Não tínhamos segurança, sendo que uma ou duas vezes a acompanhante, sem nos comunicar, a deixou sozinha, o que representava um risco. Comecei então a procurar hotéis geriátricos. Visitei uns quinze aqui no Rio, no eixo Tijuca a Botafogo,  porque queria um local que fosse  perto da minha casa para poder visitá-la com frequência. Também procurei referências com amigos.
É um processo longo, afinal você também tem que fazer a sua cabeça, analisar a sobrecarga que está vivendo, tirar o sentimento de culpa, pois no Brasil ainda existe um certo tabu em relação a esta escolha, e pensar no que é melhor para o idoso. Ao final, optei por uma casa em Santa Tereza, um local agradável, alegre, aberto, com luz, com boa vista da cidade, sem cheiro de nada."
 

Infraestrutura

"Essa casa tinha todos os serviços de enfermagem, médico, psicólogo, nutricionista, dentista, fisioterapeuta, cabeleireiro, manicure, capela, atividades de lazer internas, passeios, festejos, acomodações individuais ou em grupos. E a assistência, claro, 24 horas. Seis cuidadoras se revezavam tratando de mamãe, três de dia e três de noite. Embora tivesse tudo isto, não era uma casa de luxo; o preço, na ocasião, era compatível com uma renda de classe média."
 






Adaptação e rotina

"Na primeira semana, minha mãe passou o dia lá e, à noite, dormia na nossa casa. Depois ficava direto no hotel e sempre gostou muito. Durante todo o período em que esteve lá, eu a visitava umas cinco a seis vezes por semana, normalmente após o almoço, mas às vezes ia almoçar com ela, assim como outros parentes. O local oferecia cinco refeições de muito boa qualidade, comidinha caseira, gostosa e variada.
Algumas vezes os hóspedes participavam dos passeios oferecidos: ir ao cinema ver filmes nacionais (porque não há necessidade de se ler a legenda), beber água de coco no Leme, visitar o Jardim Botânico, jardins do palácio do Catete, coisas assim - inclusive quem era cadeirante também ia, o transporte do local oferecia essa possibilidade. E todas as festas eram comemoradas, Dia das Mães, dos Pais, das Crianças, Halloween, Festa Junina, Carnaval, Natal, etc, etc. A casa também tinha um piano e eventualmente aparecia alguém para tocar e até bandas de música. Dancei muito lá."


 
Atividades
"Depois de um tempo, eu já era conhecida de todo mundo. Jogava cartas com umas, levava doces/agrados para outras e via que os idosos se mantinham ativos e felizes. Às vezes eu levava mamãe para casa e ela me pedia para levá-la de volta para a 'casa dela', tão bem se sentia no hotel."
 
Conclusão
"Minha mãe ficou nesta casa durante quase dez anos, e sempre recebendo um atendimento efetivo e carinhoso. Lembro de uma filha que também tinha a mãe hóspede e, quando a mãe dela, já bem velhinha, faleceu, pouco depois ela mesma foi para lá. Enfim, minha experiência foi muito boa."