Exclusivo: entrevista com grupo formado pelo interventor do SERPROS na área de gestão revela medidas pró-saneamento do fundo

No dia 29 de setembro, o diretor-presidente da ASPAS, Paulo Coimbra, e os diretores Ana Maria, Gilson Barbosa, João Carlos e Júlio Cesar estiveram no Serpros reunidos com três dos cinco membros do grupo de gestão formado por Walter de Carvalho Parente para auxiliá-lo na condução do SERPROS durante a intervenção promovida pela Previc: Tatiana Cardoso, atuária e coordenadora do grupo; Tatiana Rios, gerente financeira; e Orlando Orofino, gerente de benefícios. Da reunião, participou também Naévio Rangel, gerente de relacionamento com participantes. Ainda fazem parte do grupo David Moraes, gerente de investimentos, e Paulo Neves, gerente de governança.



Dentre os tópicos abordados, destaque para a economia administrativa de cerca de R$ 10 milhões/ano,  conseguida com a redução no número de gerências e, consequentemente, no número de colaboradores, além de revisão de contratos, entre outras providências. Foi informado que de dezembro de 2014 até o fechamento de agosto de 2015 foram provisionados aproximadamente R$ 180 milhões decorrentes de investimentos realizados no passado que ficaram inadimplentes.

Principais pontos abordados:

Diretrizes-mestras
As diretrizes se dividem em três grandes grupos:



- Recuperação dos investimentos, com ações que visam recuperar investimentos e evitar futuras perdas. A gestão está procedendo à abertura contábil necessária para este acompanhamento da forma mais transparente possível. As notas explicativas das Demonstrações Contábeis irão detalhar cada ativo, R$ 180 milhões já foram  provisionados.

- Redução das despesas administrativas e dos contratos e serviços de terceiros A economia das despesas administrativas, entre 25 e 30%, envolveu a revisão de todos os contratos com a internalização de diversas atividades, como no caso do jurídico, além da redução de quadro funcional, com adoção, dentre outros critérios, de análise da produtividade. Foram reduzidas ou agregadas as gerências com quadros funcionais muito pequenos, o que não trazia interação entre as áreas e o rodízio adequado de atividades, onerando a folha salarial e segmentando demasiadamente as atividades de suporte ao negócio, através de maior eficiência e menor custo.

- Revisão dos processos internos, com estabelecimento de normas e regulamentos que visem blindar o fundo contra investimentos de alto risco.


Ações já implementadas


- redução em torno de 30% do quadro funcional, incluindo corte e fusão de gerências, que passaram de 18 para 10, e revisão completa dos contratos, resultando em uma economia de cerca de R$ 10 milhões/ano.

- readequação dos macroprocessos sob a ótica dos riscos, visando tanto redução orçamentária quanto melhoria da governança. Foram realinhados os processos de orçamento, controles internos e governança de investimentos, dentre outros.


Ações em andamento


- revisão das atividades dentro da estrutura e da política de investimentos;


- criação de indicadores de gestão de investimentos, para aumentar a transparência. No orçamento, por exemplo, será criado um fator correspondente ao custo por participante, de modo que seja fácil identificar se houve aumento de despesas ou não. Melhorias serão implementadas também no segmento de RGI, onde atualmente nem todos os investimentos da carteira estão abertos;


-  implementação de campanhas para adesão de novos participantes e para esclarecimento sobre diversos pontos aos atuais participantes (como contribuição espontânea e variável, por exemplo);


- modernização do regulamento do fundo, com inclusão de novas possibilidades de transferência do benefício em caso de morte. O aposentado, por exemplo, que só tem como família filhos maiores de 24 anos e teme não ter como deixar  seu patrimônio para os descendentes, agora vai ter esta opção;


- implantação de amplo programa de treinamento, abrangendo diretores, conselheiros, inclusive candidatos a conselheiros do Serpros, de modo que aqueles que entrem na gestão do fundo possam conhecer bastante de previdência, da situação do fundo, e com isso ter a possibilidade tanto de contribuir quanto de cobrar e fiscalizar mais .

Legislação e investimentos


A legislação previdenciária permite que até 20% das aplicações sejam efetuadas em investimentos de crédito privado de médio/alto risco, mas não pormenoriza, não faz uma correlação dessas aplicações com o perfil de cada fundo/plano. De acordo com o grupo que assessora o interventor da Previc, no caso do Serpros os investimentos estão sendo detalhados em relação ao perfil de cada plano, percentual de aposentados no plano, de ativos recém ingressos, de ativos perto de se aposentar, etc, revendo alçada, estabelecendo critérios diferenciados para compor nota técnica, evitando aplicações concentradas (em conglomerados), ou seja,  contemplando as entrelinhas, de modo a munir o fundo de todas as ferramentas possíveis para garantir sua solidez. Atualmente os reinvestimentos estão todos sendo reaplicados em títulos do tesouro nacional, que oferecem segurança.

Comissão de Inquérito


Sobre a carteira de investimento atual, composta de algumas aplicações de médio/alto risco, como inclusive evidenciado no relatório elaborado pela Comissão Técnica da ASPAS, quem está analisando é a Comissão de Inquérito, e no momento não há o que se possa falar a respeito. A Comissão pediu prorrogação de prazo para dar seu parecer final até 15.12.15 conforme portaria 409 de 14.09.15.


Balanço de gestão


O balanço de gestão deverá estar concluído até o final do exercício, detalhando toda a situação encontrada desde 6 de maio de 2015, data da intervenção, bem como as medidas postas em prática e as que ainda o serão.

Depoimentos
"Estamos revisando o Plano de Gestão Administrativa, os contratos de serviço de terceiros, a Gestão de Investimentos, seus critérios de decisão, acompanhamento de indicadores, custos da administração dos próprios gestores de investimentos, enfim, realmente um trabalho muito completo para que dê ao participante a tranquilidade e a segurança que ele precisa. A presença de participantes, e sua associação representativa é bem-vinda, faz parte de uma política de transparência. Essa proximidade só contribui para o crescimento da Entidade"


Tatiana Cardoso, gerente  atuarial e coordenadora do grupo formado pelo interventor

"Estamos fazendo contato telefônico com muitos participantes que desconheciam a participação variável (que tem paridade), e se surpreendem positivamente sabendo que, aumentando um pouquinho o valor de sua contribuição, isso vai representar um valor de aposentadoria muito mais representativo. A intervenção está dando ao Serpros a possibilidade de rever a entidade como um todo e não apenas a parte relacionada a investimentos."


Tatiana Rios, gerente financeira

"Nosso grupo está muito unido e focado nas diretrizes recebidas. O foco é na segurança do participante e, em um segundo momento, na sua aproximação."


Orlando Orofino, gerente de benefícios

 "O interventor está substituindo quatro diretores e todos conselheiros e seu modelo de intervenção primou por reunir um grupo de profissionais altamente capacitados dentro do próprio Serpros. Ele poderia contratar assessores de fora, mas não o fez, e com isso a empresa ganhou em eficiência e tempo, sendo possível fazer o mapeamento completo do fundo. "


Naévio Rangel, gerente de relacionamento com participantes