Associado da regional Fortaleza compartilha expectativas sobre o SERPROS, a ASPAS e a futura aposentadoria

O Técnico de Informática Mário Evangelista da Silva Neto, aniversariante de novembro, fala sobre sua expectativa em relação à aposentadoria, ao futuro do SERPROS e ao papel da ASPAS e de seus participantes.

"Só fiscalizando e denunciando irregularidades com punições severas aos culpados, e elegendo pessoas que representem exclusivamente os nossos anseios no SERPROS, teremos garantida uma aposentadoria digna".


Confira a entrevista:

O senhor entrou para o Serpro há mais de 30 anos, correto? Sempre trabalhou em Fortaleza?


Mário Evangelista da Silva Neto: Em 2016 completarei 32 anos de empresa, destes a maior parte em Fortaleza. Já trabalhei por duas vezes em Brasília, uma vez por seis meses, para implantação de um projeto técnico no ano de 2000, e uma segunda vez assumindo cargos de superintendente e assessor de diretoria entre 2009 e 2011.

Nas eleições para os conselhos do SERPROS, canceladas por conta da intervenção, o senhor lançou-se candidato ao CDE. Como vê a participação de ativos e aposentados na gestão do nosso fundo de pensão?


Evangelista: Na minha avaliação pessoal, tenho a impressão que os colegas aposentados estão muito mais preocupados e fiscalizando a gestão do nosso fundo do que os colegas da ativa. A prova disso é que temos a ASPAS, fundada por aposentados e agora em 2015 completando 17 anos de existência, sendo gerida por aposentados durante todos estes anos. Não é comum os empregados da ativa conversarem sobre o Serpros, raramente encontramos alguém que conheça como funciona o Serpros ou o que esteja acontecendo no mesmo. Por esta atuação diligente dos aposentados e colegas da ASPAS, que perceberam que algo de errado acontecia no nosso fundo, foi acionada a Previc, e está atuando na intervenção no SERPROS. A ASPAS também percebeu este problema da pouca participação dos empregados ativos, e em 2014 alterou o seu estatuto para permitir a inscrição destes como associados, já que o fundo é de todos nós, e não só dos aposentados. Todos nós temos a obrigação de fiscalizá-lo e fortalecê-lo, principalmente apoiando os nossos representantes eleitos.

Quando o senhor planeja se aposentar e o que pretende fazer então?


Evangelista: Com as novas regras da previdência, minha aposentadoria vai demorar mais um pouco, com previsão para que me aposente daqui a uns sete anos possivelmente. Contudo, pretendo trabalhar até quando tiver forças e saúde, e quando me aposentar, e ainda gozar de boa saúde, continuarei trabalhando na minha área, sem compromisso de dia e horário e sem vinculação patronal. Dedicarei-me também a atividades com comunidades, seja ajudando a nossa ASPAS, atuando em sindicatos em defesa de direitos trabalhistas e sociais, em grupos de amparo a pessoas e dedicarei um tempo maior na minha missão de oferecer conforto espiritual aos que necessitem. Defenderei como uma proposta de luta que tenhamos um plano de saúde vitalício para os empregados do SERPRO para que possamos nos aposentar com maior tranquilidade e dignidade, e lutarei para implantá-lo no nosso SERPRO ou no SERPROS.

Acredita que seu padrão de vida vai se manter com a aposentadoria complementar ou, se espera mudanças, como está se preparando para esta nova fase da vida?


Evangelista: Nas regras atuais da previdência, com teto limite para aposentadorias e as eternas instabilidades políticas e econômicas no país e no mundo, não posso me iludir que terei garantido o mesmo padrão de vida econômica e financeira quando da ativa, até porque, quanto mais velhos somos, maiores os custos de plano de saúde e  maiores os gastos no consumo de medicamentos e de terapias. Por isso, um plano de previdência privada, tipo o Serpros, é mais do que essencial na minha futura vida como aposentado, de forma que sejam minimizadas as perdas quando nos aposentamos.

Pensando no futuro, o que mais o preocupa e o que sugere que se faça a respeito?


Evangelista: Primeiramente espero que eu sempre desfrute da boa saúde que tenho, depois vêm as questões de sobrevivência e sustentabilidade econômica e financeira, e para isto temos que ter o nosso fundo de pensão, o Serpros, bem administrado e fiscalizado. Infelizmente, como já mencionei, pouquíssimos colegas se preocupam com a gestão do nosso fundo de pensão, e isto muito me preocupa.

Constatamos que, nesta última década, pelo menos dois colegas aposentados têm se revezado nos conselhos e atuado fortemente no Serpros, junto com alguns outros poucos da ativa que estão engajados e preocupados na fiscalização e gestão do nosso fundo com o apoio da ASPAS. Temos muito pouco envolvimento dos empregados ativos acompanhando a gestão do nosso fundo de pensão e isto precisa ser mudado.

Em razão deste baixo interesse das pessoas em acompanhar os acontecimentos e fiscalizar o nosso fundo, assistimos a nomeação de Diretores que demonstram não ter a mínima competência para as funções, escolhidos exclusivamente por afinidades político-partidárias em primeiro lugar, e até conselheiros eleitos pelos empregados que, quando assumem as funções, defendem mais os interesses da empresa e dos seus partidos do que os interesses dos colegas ativos e aposentados.

Ainda em razão do pouco interesse de muitas pessoas em acompanhar o que acontece no nosso fundo, temos como consequência os nossos conselheiros eleitos aparentemente "ilhados" no aspecto de influir nos destinos do fundo, pois este desamparo político e moral dos nossos colegas da ativa fragiliza os nossos eleitos, e somente o apoio da ASPAS e de bravos aposentados não é suficiente.

Para aqueles que ainda não sabem, temos conselheiros eleitos afastados há mais de um ano do conselho, simplesmente porque ousaram denunciar irregularidades no nosso fundo de pensão, ameaçados com pedidos de cassação de mandatos, e ainda muitos são "amordaçados" ao serem proibidos de falar sobre o fundo junto aos empregados, a não ser que falem somente aquilo que for explicitamente autorizado pela Diretoria, com um forte respaldo de um Conselho Deliberativo com presidentes, muitas vezes, também indicados por afinidades político-partidárias em primeiro lugar. Então a gestão do nosso fundo deve ser uma preocupação de todos nós para evitar que estes tipos de coisas aconteçam.

Mas o que fazer? Temos que eleger pessoas que assumam a função de conselheiros para defender os interesses dos colegas ativos e aposentados; que tenham um passado limpo e respeitável, sem desvios de conduta para com a empresa e com as pessoas; que sejam totalmente despidos de interesses político-partidários doentios, de ganância pelo dinheiro e pelo poder, populismos e hipocrisias; temos que exigir transparência na publicação das atas das reuniões na sua essência; temos que acabar com as mordaças impostas por regimentos e estatutos anacrônicos, que são utilizados para ameaças e perseguições comandadas por um tribunal de exceção que decide de acordo com as afinidades e conveniências político-partidárias e que punem os que não obedecem suas "cartilhas".

Poderia deixar uma mensagem para os associados da ASPAS?


Evangelista: Acho que os associados da ASPAS que são aposentados não precisam de mensagens, muito pelo contrário, eles é que nos passam mensagens para nós que estamos na ativa, pois com seus conhecimentos e experiências acumulados construíram a ASPAS para defender o que é nosso e não de partidos políticos, e parece que as pessoas ainda não acordaram para isso, apesar de a mídia noticiar diversos escândalos em fundos de pensão dominados por militâncias partidárias.

A você que ainda não é associado da ASPAS, se associe e verá que poderemos ter um fundo de pensão melhor mantendo e colocando pessoas competentes e mais honestas, se desde já nos preocuparmos com aquilo que é nosso. Só fiscalizando e denunciando irregularidades com punições severas aos culpados, e elegendo pessoas que representem exclusivamente os nossos anseios no SERPROS, teremos garantida uma aposentadoria digna.