"Trabalhar, especialmente no SERPRO, foi um enorme prazer e sempre me senti bem"

Entrevista com Carlaile Antônio Ferrari


Como era sua vida antes da aposentadoria ? Que tipo de atividades, fora o trabalho, você tinha tempo para fazer?
A minha vida antes da aposentadoria era bastante agitada, compromissada com o trabalho e assuntos familiares, pois trabalhava em torno de 12 horas/dia, mas sempre procurava tempo para o lazer. Fora as atividades que tinha no SERPRO, procurava dedicar-me aos compromissos particulares, orientar e solucionar assuntos familiares, bem como de pessoas amigas ou os que me procuravam. 

Quando  você se aposentou e como foi a fase de adaptação? A que tipo de atividades você passou a se dedicar? Elas permanecem até hoje?
Sinceramente, não foi fácil a adaptação, pois desde os 8 anos meus pais sempre ensinaram-me a dedicar-me aos estudos e ao trabalho. Todo o tempo disponível era bem ocupado, seja com trabalho, estudos, religião, lazer, etc.... A partir da aposentadoria, procurei dedicar-me aos meus compromissos e assuntos familiares, assumi a função de Síndico do Edifício Residencial Villasul, onde resido, e passei a trabalhar nas horas disponíveis numa loja comercial de meus amigos, no ramo de materiais elétricos, hidráulicos e materiais de construção (CONLUZ), sem remuneração, apenas para auxiliar a empresa e orientar pessoas necessitadas em processos de aposentadoria junto ao INSS e elaboração de declarações de IRPF, para amigos e pessoas menos favorecidas.

Houve mudanças no relacionamento com a família e/ou com os amigos após a aposentadoria? Se sim, pode nos dar alguns detalhes/exemplos?
O relacionamento com os familiares mudou para melhor, pois passei a ter mais tempo disponível para visitá-los; em relação aos amigos, principalmente os do SERPRO, houve um distanciamento natural, em virtude do desligamento do SERPRO, além das demissões em grande número, onde cada um procurou novos seguimentos de atividades, novos desafios e até mudanças de residência, o que dificulta o encontro pessoal, mas virtualmente sempre estamos em contato.
Por outro lado, passei a conhecer novas pessoas, fazer novos amigos, principalmente por ter ido morar em outro bairro maravilhoso, que é a Praia da Costa, em Vila Velha, Espírito Santo.

Se pudesse reviver esse período inicial da aposentadoria, há alguma coisa que você faria diferente ? O quê?
A minha aposentadoria não estava prevista para ocorrer naquele período (maio/1999), pois a minha intenção era chegar aos 35 anos de contribuição junto ao INSS, para obter a complementação do SERPROS. Porém, com a decisão do SERPRO, em 1998, de demitir uma grande massa do quadro de empregados com o advento do Plano de Demissão Voluntário (PDV) incentivado, percebi e cheguei a conclusão que poderia requerer a aposentadoria proporcional junto ao INSS, com 31 anos/11meses de contribuição previdenciária. Somando a possibilidade do saque total do FGTS, que nunca havia utilizado, e mais as verbas rescisórias e o  incentivo do PDV, acabei por optar pela demissão voluntária e, em seguida, pela aposentadoria.
Se não fosse  o PDV, certamente não teria optado pela aposentadoria precoce, aos 48 anos, pois trabalhar, especialmente no SERPRO, foi um enorme prazer e sempre me senti bem, evolui no meu conhecimento e aprendizado, conseguindo fazer grandes amizades e conhecer melhor o SERPRO.
O que faria diferente seria, ao invés de aplicar parte dos recursos financeiros junto à CEF, deveria ter adquirido imóveis usados na região que optei por morar, pois houve uma explosão imobiliária - as Construtoras passaram a adquirir esses imóveis pelo sistema de troca em apartamentos novos, em que ofereciam entre 3 e 4 apartamentos novos por um imóvel usado. Esta decisão teria feito uma grande diferença na minha estabilidade econômica e financeira. Mas não aconteceu e o tempo passou. 

Que sugestões daria a quem está planejando se aposentar?

Planejar-se desde cedo, contribuir para uma previdência privada, procurar adquirir casa própria, aposentar-se de forma integral e não proporcional, ter um plano de saúde confiável, procurar manter uma reserva de recursos financeiros, se possível não sacar o FGTS, deixando para aplicá-lo após a aposentadoria, e ao aposentar-se procurar fazer atividades físicas, viajar, alimentar-se de forma saudável, procurar exercer outra atividade mais flexível em termos de horário e que se adeque ao seu perfíl.  Viver bem, saudável e alegre. Abraços aos meus colegas e amigos do SERPRO, SERPROS e ASPAS.